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Monja Rebeca – Monge: “O Asceta do Amor”

“O impulso que produziu o voo original para o deserto tebático do Egito (Thebaída) foi […] o impulso elementar do Cristianismo, que tudo desperta para Deus, abandonando todas as coisas e influências deste mundo a fim de melhor se preparar para o Reino dos Céus”.   Hieromonge Serafim (Rose)

O monaquismo encarna a mais elevada forma de vida ascética da qual o homem dispõe para corresponder ao amor louco de Deus, que deseja ardentemente divinizá-lo, a fim de torná-lo semelhante a Si próprio. O homem torna-se, então, segundo São Máximo, o Confessor, um pequeno “deus”, ao possuir todas as qualidades do próprio Deus: a mesma glória, a mesma beatitude, a Ele idêntico em tudo, menos na essência.

O Caminho Ortodoxo

Para nós, cristãos ortodoxos, a vida inicia-se com o Batismo.  É a nossa jornada de fé, na qual o nosso primeiro passo é um salto: para dentro da Pia Batismal! É através do Batismo e do Crisma que os nossos pés são postos no caminho pavimentado pelos Santos, que percorreram essa jornada antes de nós. Como cristãos ortodoxos, carregamos a sua fé e a sua verdade connosco, verdade esta que se nos apresenta sólida, como uma rocha. De qualquer forma, a verdade da Ortodoxia é tão ativa quanto sólida. A verdade que trazemos no nosso interior e que faz surgir dentro de nós uma compulsão por viver de um determinado modo.

O Espírito Santo, por nós recebido, reaviva essa verdade, a qual se transforma, então, num caminho de vida: o caminho ortodoxo. Através dos séculos, nós, os fiéis ortodoxos, aprendemos cinco formas pelas quais o Espírito Santo opera para nos reavivar a verdade, para que estejamos realmente vivos, como Deus o desejou para nós. “(…) Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (João 10:10). As cinco formas (ou experiências) que compõem o caminho ortodoxo são:

Ludmilla Garrigou – ÍCONE OU QUADRO? ICONÓGRAFO OU ARTISTA?

Tradução de monja Rebeca (Pereira)

Hoje, todos sabem que um ícone é uma imagem santa, uma imagem sagrada, uma imagem teológica e litúrgica; uma imagem que “fala de Deus” e, paradoxalmente, convida os nossos olhos a contemplarem o mundo invisível; “pelo intermédio da visão sensível, nosso pensamento recebe uma impressão espiritual que eleva-se à invisível Divina Majestade”, diz São João Damasceno.

Pode-se gostar ou não de um ícone. Mesmo sendo cada vez mais objeto de apreciação, o Ocidente não sabe ainda muito bem qual é atitude correta diante dele. Alguns o julgam hierático, rígido, sem expressão ou triste. Outros dizem não conseguir rezar diante dum rosto aparentemente duro e sem compaixão, sem misericórdia, sem ternura… Outros ainda sensibilizam-se diante do ícone dito da “Virgem de Vladimir”, pois ela é “impenetrável” e parece sentir dor por causa do “gládio que trespassará sua alma”. (Lc. 2,35). Com relação ao ícone da Santíssima Trindade de Rublev, temos que foi longamente estudado e explicado; neste caso, então, o espírito cartesiano do homem moderno ”entende“, “analisa”, encontra-se satisfeito e “admite” certas sensações, mas poucos entendem espontaneamente o significado profundo do ícone.

Photis Kontoglou – A ARTE SAGRADA DA IGREJA ORTODOXA

Tradução de monja Rebeca (Pereira)

A arte iconográfica na Igreja Ortodoxa do Oriente é uma arte sagrada e litúrgica – como todas as artes sagradas eclesiásticas – com um propósito espiritual. O objetivo dessas artes não é meramente o de decorar a igreja com pinturas, para torná-la mais prazerosa aos fiéis ou deleitar seus ouvidos com música: mas para elevá-los ao místico mundo da fé pela escada espiritual, os passos e degraus, que são artes sacras: a composição de hinos, construção de prédios de igreja, pintura religiosa bem como outras artes… Tudo isso trabalha junto, cultivando o Paraíso místico nas almas dos fiéis. Com isso, obras de arte na Igreja do Oriente são comentários sobre o mundo divino.

Igumeno Cirilo (Bradette) – A VENERAÇÃO DOS ÍCONES

Nós veneramos os ícones porque nos colocam na “presença real” do que representam. A Igreja latina só emprega esta expressão para a Eucaristia. Para os ortodoxos, as palavras são escassas para a Eucaristia. Enquanto não utilizamos termos adjetivos, falamos de “mistério”. O grande mistério é o mistério da Eucaristia. Dizemos, então, “o mistério litúrgico”, “o mistério eucarístico”. Evitamos o termo “transubstanciação”, pois não podemos afirmar que a Eucaristia seja uma mudança de substância. Mas sabemos que é uma mudança de realidade, o quê não é a mesma coisa. Consequentemente, não falaremos de aparências e de substância, mas do mistério da Presença.

Georges Drobot – A LUZ NO ÍCONE

Tradução de monja Rebeca (Pereira)

Na Igreja Ortodoxa a luz tem uma grande importância, para não dizer uma importância primordial. A palavra luz está sempre presente nos textos litúrgicos–tanto no decorrer das celebrações como na oração pessoal, acendemos velas e lamparinas a óleo. A luz física, aquela  dos astros ou das fontes de luz, torna–se o símbolo da luz eterna do Reino de Deus.

A arte sacra da Igreja Ortodoxa, tanto os ícones como os mosaicos e os afrescos ornamentando as paredes de uma igreja, é essencialmente uma arte litúrgica. Ela coloca em imagens a história da salvação iluminada pelas fontes patrísticas e litúrgicas lidas e cantadas durante os ofícios. Ora, os ciclos litúrgicos ortodoxos correspondem ao ritmo cósmico de nossa terra. “Orai sem cessar” (I Ts. 5, 17) é o mandamento que rege a vida de oração de todo cristão. Esta oração incessante, eterna, encarna–se nos ciclos do tempo terrestre regido pelo curso do sol.

São Sofrónio, patriarca de Jerusalém – Vida de Santa Maria Egipcíaca

Prólogo

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus, como diz o Anjo a Tobias, quando este recobra de maneira miraculosa a visão – tendo passado por tantos perigos goza então, dos efeitos do amor e da ajuda de Deus. É bastante perigoso descobrir os segredos dos príncipes e, contrariamente, causa muito prejuízo à alma calar-se sobre as ações ilustres, que Deus faz em favor dos homens pelo excesso de Sua bondade e de Sua misericórdia. É portanto temerário encobrir com o silêncio as maravilhas divinas, por um justo julgamento. Seria cair na mesma condenação daquele servo inútil que ao invés de aproveitar do talento recebido escondeu-o na terra. Eu não sepultaria nas trevas uma história tão santa quanto esta que chegou ao meu conhecimento. E não é preciso sequer acrescentar fé ao que vou escrever, considerando-se o espanto, que ações tão extraordinárias causarão. Deus me proteja de ser mentiroso em assuntos santos, e de violar a verdade daquilo que concerne a Sua glória; não tomarei parte no perigo que correm aqueles, que não compreendem senão as coisas baixas, e julgando indignamente a grandeza de um Deus que Se fez homem, não acrescentarão nada de fé a este discurso. E há pessoas que depois de o terem lido, recusam-se a lhe dar o crédito e a admiração que merece uma história tão miraculosa. Suplico a Deus que tenha piedade delas e abra-lhes o espírito, a fim que elas escutem Sua Santa palavra, e que não se tornem culpadas pelo desprezo, de tantos milagres que Ele decidiu fazer em toda a eternidade a favor de Seus Eleitos; assim elas agem considerando a fraqueza da natureza humana, julgando impossível tudo o que lhes é contado sobre as ações extraordinárias dos Santos.

John Breck – A Trindade segundo as Escrituras e os Padres gregos

Há cerca de trinta anos, Karl Rahner afirmou que os cristãos, na sua maioria, são “meros monoteístas” e que, uma vez provada a falsidade da doutrina da Trindade, a maior parte da literatura cristã popular e a mentalidade que ela reflete não precisariam ser alteradas. Infelizmente, tal afirmação não é de todo descabida.

Ao definir a doutrina da Trindade como um mistério que não pode ser compreendido exclusivamente pela razão humana, somos convidados a adotar uma posição como a de Melanchthon, que afirmou: “Nós adoramos os mistérios da Divindade e isto é melhor do que investigá-los.” No entanto, o perigo de não refletir cuidadosamente sobre o que foi revelado e como foi revelado é continuarmos cegos pelos nossos próprios deuses e falsos ídolos, embora estes tenham sido construídos teologicamente.

Então, como podem os cristãos acreditar e adorar o Pai, o Filho e o Espírito Santo e ainda afirmar que existe apenas um Deus e não três? Como se pode reconciliar o monoteísmo com a fé trinitária?

Compêndio da Igreja Apostólica Ortodoxa

O que é a Ortodoxia

“Ortodoxia” = palavra grega que significa “opinião correta”.

É a autêntica Religião Cristã, pregada por Nosso Senhor Jesus Cristo, transmitida pelos Apóstolos e pelos seus sucessores, conservada e ensinada pela Igreja Ortodoxa, através dos séculos, em toda a sua pureza. É a doutrina reta, contida na Sagrada Escritura, na Tradição e nos Sete primeiros Concílios Ecuménicos, sem que nada se lhe aumente ou diminua. É a doutrina ensinada e pregada pela Igreja Ortodoxa para glorificar Deus e salvar as almas, segundo a vontade de Jesus Cristo. É ortodoxo quem segue a doutrina reta e os ensinamentos da Igreja Ortodoxa.

Símbolo da Fé (Credo Niceno-Constantinopolitano)

Creio em Um só Deus: Pai, Omnipotente, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.

E em Um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos. Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado e não criado, consubstancial ao Pai, por Quem tudo foi feito.

Que por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus e Se encarnou pelo Espírito Santo e da Virgem Maria e Se fez homem.

E por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras.

E subiu aos Céus e está sentado à direita do Pai, e novamente virá com glória para julgar os vivos e os mortos, e o Seu Reino não terá fim.

E no Espírito Santo, Senhor Vivificante, que procede do Pai, e que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, e que falou pelos profetas.

E na Igreja una, santa, católica e apostólica.

Confesso um só batismo para a remissão dos pecados.

Espero a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Ámen.