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Etiqueta: Igreja Ortodoxa

COMUNICADO DE DOM PEDRO PRUTEANU, BISPO ORTODOXO EM PORTUGAL

Na sequência de algumas dúvidas e interpretações incorretas que surgiram no espaço público português relativamente à Igreja Ortodoxa de Cascais, cumpre-me, na qualidade de pároco desta comunidade e único bispo ortodoxo canónico residente em Portugal, esclarecer o seguinte:

1. Nenhuma paróquia ou comunidade ortodoxa existente em Portugal – mesmo as que pertencem canonicamente ao Patriarcado de Moscovo – realiza ou apoia qualquer tipo de atividade política, nem apoia a guerra na Ucrânia.

O clero ortodoxo em Portugal não recebe salários, subsídios nem apoios financeiros da Rússia, nem envia dinheiro para lá. Todas as nossas comunidades vivem do princípio da autofinanciação e enfrentam sérias dificuldades económicas.

Por essa razão, a Igreja Ortodoxa Russa em Portugal não possui qualquer templo próprio construído, enquanto outras jurisdições ortodoxas, como a romena, embora com menos fiéis, já possuem mosteiros e propriedades adquiridas. Se algum financiamento tivesse vindo da Rússia, certamente a nossa realidade seria diferente — mas não é o caso.

Se for encontrada alguma irregularidade ou lavagem de dinheiro, seremos os primeiros interessados em agir com transparência. Até à data, não existe qualquer indício nesse sentido, pelo que consideramos injustas e discriminatórias as especulações sem fundamento que circulam no espaço mediático. Portanto, condenamos firmemente toda a forma de calúnia e de generalização abusiva.

No final de contas, como podemos observar, estas acusações não são dirigidas contra “russos imaginários” que representariam um perigo para a segurança portuguesa, mas sim contra cidadãos portugueses de confissão ortodoxa — que constituem a segunda comunidade religiosa do país, a seguir à católica romana. Trata-se também de um ataque à própria cultura e à democracia portuguesas, que devem ser defendidas pela lei e não através de incitações infundadas ao ódio e à desconfiança. Quem reparará agora a ofensa e a humilhação sofridas por tantos portugueses ortodoxos que frequentam a capela de Cascais e que eles próprios contribuíram com donativos para construir um templo ortodoxo próprio?

Andrew Philips – PORTUGAL ORTODOXO: A ALMA DE PORTUGAL

As Nações do homem existem pelo que há de melhor no homem,
e são destruídas pelo que há de diabólico nele.

                                                                                                             John Masefield, Gallipoli.

 

Toda a nação passa por períodos de grandeza e períodos de declínio. Períodos de grandeza expressam o entusiasmo de uma nação e do seu povo por algum ideal e conhecimento espiritual, por alguma grande ideia. Nestes momentos a essência espiritual de um país, a alma do seu povo, torna-se aparente. Os períodos de declínio expressam a traição e perda desse ideal em favor de uma atração fatal e decadente: a paixão mundana por riquezas terrenas, território e poder, e a turvação dessa alma nacional e essência espiritual. Desta forma vários impérios, tanto antigos como novos, subiram e caíram, seja o Babilónico, o Egípcio, o Macedoniano, o Romano Ocidental, o Persa, o Romano Oriental, o Zimbabuense, o Mongol, o Asteca, o Inca, o Português, o Espanhol, o Mongol, o Chinês, o Otomano, o Austro-Húngaro, o Francês, o Britânico ou o Soviético. Olharemos aqui para essa grande ideia e ideal espiritual que a certa altura iluminou a alma de Portugal e do seu povo.