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Etiqueta: homilia

Homilia do Bispo Pedro na Festa da Entrada da Santíssima Mãe de Deus no Templo

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Amados irmãos e irmãs em Cristo,

Hoje celebramos um acontecimento discreto nas Escrituras, mas grandioso na Tradição da Igreja: a Entrada da Mãe de Deus no Templo — o início visível de uma obra invisível, pela qual toda a humanidade receberia o Deus encarnado. Este dia santo não é apenas memória, mas é uma imagem viva do caminho interior ao qual cada um de nós é chamado.

Os Santos Padres veem este dia como a primeira luz do cumprimento da promessa. A pequena Maria entra no Templo não apenas para levar uma vida retirada, mas para tornar-se Templo vivo do Deus Vivo. São Gregório Palamás (sec. XIV) afirma que a Virgem foi “o primeiro templo verdadeiramente santificado”, pois nela não houve apenas ritos e símbolos, mas habitou a própria Essência.

E isso se prolonga na nossa vida: não somos chamados apenas a frequentar o templo, mas a ser templo. Sempre que entregamos a Deus a mente, o coração, a vontade, preparamo-nos — como a Virgem — na simplicidade, na obediência e na pureza, para que Cristo nasça em nós. Maria é conduzida ao templo pela simplicidade da infância. Ela não pergunta “por quê?”, não calcula, não duvida. Entra no lugar santo com a confiança total com que uma criança estende a mão ao pai.

Sermão de Páscoa de São João Crisóstomo

Que todo o homem pio e amante de Deus goze desta esplendorosa e bela festa! Que todo o servo fiel entre jubiloso no gáudio de seu Senhor!  Que aquele que se afadigou a jejuar goze agora o seu estipêndio! Que o que trabalhou desde a primeira hora receba agora o salário prometido! Que o que veio após a terceira festeje agradecido! Que o que chegou após a sexta em nada hesite: não sofrerá qualquer dano! Que o que tardou até à nona se aproxime, de nada duvidando! Que o que apenas chegou à undécima não tema pela tardança! É generoso o Patrão, e acolhe o último como o primeiro! Dá descanso ao obreiro da undécima como ao que laborou desde a primeira! Apieda-se do derradeiro e ocupa-se do primeiro: a este dá, àquele perdoa! Tanto recebe a obra como aceita o julgamento! Tanto honra a ação como aprova a intenção! Entrai, portanto, todos na graça de nosso Senhor! Primeiros e segundos, gozai de vosso salário! Ricos e pobres, cantai juntamente em coro! Observantes ou indolentes, honrai esta jornada! Que tenhais jejuado ou não, rejubilai no dia de hoje! Está repleta a mesa, deliciai-vos todos! O vitelo é pingue, ninguém sairá com fome. Inebriai-vos todos no beberete da fé! Gozai todos da riqueza da bondade. Ninguém chore sua pobreza, pois chegou a hora de em comum reinar. Que ninguém deplore as suas quedas, pois do sepulcro jorrou perdão. Que ninguém receie a morte, pois libertou-nos a morte do Salvador! Extinguiu-a Aquele que ela abraçara! Espoliou os Infernos O que aos Infernos desceu. Tornou-se-lhe amargo Aquele de quem provou a carne. Predissera-o Isaías ao clamar: “O Inferno, disse, encheu-se de amargor, quando lá em baixo se encontrou conTigo”. Encheu-se de amargor pois foi abolido; encheu-se de amargor pois foi iludido; encheu-se de amargor pois foi morto; encheu-se de amargor, pois foi abatido; encheu-se de amargor pois foi aprisionado. Tomou um corpo e coube-lhe em sorte um Deus; tomou terra e achou céu; tomou o que via e caiu no que não via. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? onde está, inferno, o teu triunfo?”. Ressurgiu Cristo, e tu és precipitado; ressurgiu Cristo e caíram os demónios; ressurgiu Cristo e alegram-se os anjos; ressurgiu Cristo e reina a vida; ressurgiu Cristo e nem mais um morto nos sepulcros. Ressurgiu dos mortos Cristo, primícias dos adormecidos: a Ele a glória e o poder nos séculos dos séculos. Ámen.